Travessia (2020/2025)
Tenho caminhado por dias difíceis,
mas a verdade é que minha história
sempre foi feita de travessias.
Lutas empilhadas umas sobre as outras,
e, mesmo assim, sigo…
porque aprendi que tudo bem sentir.
Um dia, lá por 2020, algo virou dentro de mim.
Descobri uma arma silenciosa
escondida no fundo do peito —
não machuca, ilumina.
Foi preciso um olhar de fora
pra mostrar que minhas dores e remorsos
não precisavam sumir,
só mudar de forma.
Cinco anos atrás encontrei abrigo
na psicologia, na arte, na poesia,
nessa literatura que me devolveu o ar.
Ali comecei a entender
quem eu era por dentro.
Ali encontrei força
pra não soltar a minha própria mão.
E hoje, todos sabem do meu sonho:
20 de dezembro de 2025 —
o dia em que minha voz vira livro.
Metade do caminho já tá feito,
falta só o papel segurar o que sinto.
E se cheguei até aqui,
foi porque duas mulheres
deram luz ao meu escuro.
Aline Lima, que nunca desistiu de mim,
mesmo quando eu era tempestade.
Que me puxou pros dias bons,
me lembrando que eu podia ser mais.
E Savannah, minha primeira terapeuta,
que plantou o dourado que eu não via,
com a doçura de uma frase simples:
“André, talvez escrever seja mais fácil…”
E ali nascia o meu diário,
e com ele, um novo coração.