Disseram que havia um caminho pronto,
trilhado por passos iguais,
uma estrada onde ninguém pergunta nada
e todos seguem sem olhar para os lados.
Mas minha mãe dizia:
“Você não é todo mundo.”
E isso acendeu uma chama em mim —
não para ser melhor,
mas para ser inteira.
Ser luz não é brilhar mais,
é iluminar o que ninguém vê.
É escolher a fresta,
o desvio,
a rua que não tem placa
porque o coração reconhece o que os olhos não aprenderam.
Enquanto o mundo repete gestos sem alma,
eu aprendi a perguntar:
“Isso é certo ou só é comum?”
E nessa pergunta há uma força mansa,
um lampejo que desmancha sombras antigas.
Ser diferente não é solidão —
é liberdade.
É colocar cor onde disseram que só cabia cinza,
é estender a mão quando todos cruzam os braços,
é guardar delicadezas enquanto tantos colecionam pressa.
E se, no fim, fizer diferença para uma vida,
para um instante,
para um coração que quase desfez a própria luz,
então já valeu a coragem
de não ser todo mundo.
Porque ser luz
é isso:
caminhar acendendo o que toca,
mesmo quando o mundo inteiro
esqueceu o interruptor.