O meu sentir é intenso,
tão profundo
que antecipo a emoção ainda por nascer.
Frequento o futuro sem saber
o caminho de volta
para este instante que me chama.
A vida — esse trem veloz —
corre em trilhos que mal avisto.
Os vagões passam, urgentes,
e eu preciso do toque leve do vento
para suavizar o peso
do que ainda vou viver.
Por muito tempo não compreendi
essa estranha exaustão:
cansar-me antes da aventura,
desabar depois da experiência.
Hoje aceito:
o meu modo de sentir o mundo
é uma constelação própria —
um desvio luminoso,
uma forma única de pensar,
de existir
e de permanecer inteira
mesmo quando tudo passa depressa demais.