A felicidade existe,
mas ela geralmente está desligada
e fora da área de serviço.
E eu me pego olhando para a tomada,
como quem espera que uma faísca traga sentido
ou que o universo descubra que esqueceu de ligar a luz.
Ela passeia pelos cafés das cidades alheias,
sorri para estranhos
enquanto eu conto as nuvens
e tento entender se elas também têm boletos para pagar.
Às vezes, penso em mandar um bilhete:
“Querida felicidade, volte antes do jantar.”
Mas sei que ela gosta de atrasos,
de escapadas pequenas, de surpresas que confundem o coração.
E enquanto espero, aprendo pequenas coisas:
o vento que se esconde na cortina,
o cheiro do pão recém-saído do forno,
o riso involuntário que surge
quando menos espero.
Então talvez a felicidade não precise estar conectada
para nos tocar;
talvez sua ausência me ensine a apreciar
o fio tênue da vida,
a comédia silenciosa
de tentar ligar algo que nunca deveria depender de um interruptor.
E eu rio, suavemente,
porque a vida é isso:
uma tomada com a luz piscando,
um paradoxo sorridente,
uma dança entre o que buscamos
e o que nos encontra, mesmo quando está fora de serviço.