Luana Santahelena

Quando a Felicidade Sai de Férias

A felicidade existe,

mas ela geralmente está desligada

e fora da área de serviço.

 

E eu me pego olhando para a tomada,

como quem espera que uma faísca traga sentido

ou que o universo descubra que esqueceu de ligar a luz.

 

Ela passeia pelos cafés das cidades alheias,

sorri para estranhos

enquanto eu conto as nuvens

e tento entender se elas também têm boletos para pagar.

 

Às vezes, penso em mandar um bilhete:

“Querida felicidade, volte antes do jantar.”

Mas sei que ela gosta de atrasos,

de escapadas pequenas, de surpresas que confundem o coração.

 

E enquanto espero, aprendo pequenas coisas:

o vento que se esconde na cortina,

o cheiro do pão recém-saído do forno,

o riso involuntário que surge

quando menos espero.

 

Então talvez a felicidade não precise estar conectada

para nos tocar;

talvez sua ausência me ensine a apreciar

o fio tênue da vida,

a comédia silenciosa

de tentar ligar algo que nunca deveria depender de um interruptor.

 

E eu rio, suavemente,

porque a vida é isso:

uma tomada com a luz piscando,

um paradoxo sorridente,

uma dança entre o que buscamos

e o que nos encontra, mesmo quando está fora de serviço.