Marcelo Miranda Velten

Doce semblante

 

I

Condenado a transportar veemência

À porta do amor transpassou

Se esforçando a manter continência

Seu brio mais sagrado resvalou

II

Sem recuar na estrada em ruínas

Pulsando em decorrência do ardor

Vagando com o vento em demência

Derramou pelos olhos angústias genuínas

Que mal lhe rolavam já dançavam vapor

III

Já assustado gritou por clemência

Cansado de andar esperou

Do coração lhe brotou a urgência

Contrariado a correr desatou

IV

Acusado de tal negligência

Sua vela em fim se apagou

No escuro de tristeza e inocência

Seu vermelho se envolutou.