Nelson de Medeiros

ALMA TATUADA

ALMA TATUADA

 

No auge da descrença desta louca vida,

sucumbe o bardo a tenebroso desalento!

Às vezes, em torpor, ouve a fala do vento

a lhe dizer que a dor de amor é repetida!

 

Mas, será que a existência é sempre revivida?

Partimos pro céu e voltamos pro tormento?

Pensativo ele, então, se indaga num momento,

se tal crença é fantasia ou lei que elucida!

 

Não sabe o bardo qual corrente é verdadeira,

sabe, entretanto, que tem como companheira

essa amargura que parece eternizada!

 

Mas, que lhe importa donde vem o desengano,

se o sofrimento, que em seu peito é quase insano,

é dor antiga dentro d! alma tatuada!