Mara

AusĂȘncia

Não há retratos na parede,
Nem memórias para contar.
Não ensinou a caminhar

As mãos que deveriam guiar
Nunca estiveram lá

Não houve o contorno do seu abraço,
Nem  promessas de um lar seguro.
Herdeira do silêncio e um eco no teu  mundo escuro.

A sua voz, uma memória que não existiu
A sua mão, um apoio que não chegou
O espelho reflete hoje não o que faltou
Mas o que de si mesma construiu

Aprendeu a ser forte sozinha
E o vazio que um dia a marcou
Foi o lugar onde a sua luz surgiu
As palavras de carinho que deveriam soar
No  silêncio se perderam

O amor que nunca se conheceu
É uma cicatriz que não se vê.

Não carrega o peso de um adeus
Mas o de um \"nunca existiu\".
Em cada sonho e medo o vazio a seguiu
Cresceu no solo que deram

Aprendeu a  sorrir, e  florar em terra seca
A flor se criou aprendendo a abraçar a si mesma

 O carinho que faltava, ela mesma se deu

 O amor que esperava, no espelho, nasceu.