Saí naquela manhã dizendo “bom dia”
como quem espalha fogo pelo ar.
Mas o fogo encontrou você.
Seu olhar me atravessou como uma brisa quente,
sutil, impossível de ignorar.
O sorriso nos seus lábios
era promessa e desafio,
um convite silencioso que queimava por dentro.
Quando passou perto,
o perfume da sua pele veio como arrepio,
como se cada passo seu tocasse a minha pele
antes mesmo de encostar.
Meu “bom dia” voltou transformado:
calor, desejo, tensão elétrica,
uma linguagem que só corpos e olhares compreendem.
O cachorro abanou o rabo,
mas meu coração já não notava nada ao redor
além do seu movimento,
da curva do seu corpo,
do ritmo que me fazia perder o chão
e desejar que a rua inteira desaparecesse.
O mundo ficou pequeno
enquanto você passava,
e eu quis que cada instante durasse
até que a cidade inteira
ficasse em silêncio
só para nós.