O BARDO E O MARTIN PESCADOR
Contempla o bardo o calmo caminhar
do rio, com lembranças vindo a mente,
enquanto dois Martins, em voo ardente,
desenham no ar laço singular!
A bucólica cena faz lembrar
que o mundo é cruel, mas é consciente;
que nele existe afeto incipiente,
capaz de elevar, sentir e amar!
Quisera, o bardo, ser num tempo achado
o pássaro livre, sem fim, nem certeza,
vivendo na fé do instinto sadio!
Mas volta ao papel, com olhar marejado,
e tira em versos a rara nobreza
que viu no casal, à beira do rio!
Nelson de Medeiros