Nelson de Medeiros

O BARDO E O MARTIN PESCADOR

O BARDO E O MARTIN PESCADOR

 

Contempla o bardo o calmo caminhar 

do rio, com lembranças vindo a mente, 

enquanto dois Martins, em voo ardente, 

desenham no ar laço singular!

 

A bucólica cena faz lembrar

que o mundo é cruel, mas é consciente; 

 que nele existe afeto incipiente, 

capaz de elevar, sentir e amar!

 

         Quisera, o bardo, ser num tempo achado

o pássaro livre, sem fim, nem certeza, 

vivendo na fé do instinto sadio!

 

Mas volta ao papel, com olhar marejado, 

e tira em versos a rara nobreza 

que viu no casal, à beira do rio!

 

                                                                                    Nelson de Medeiros