Arthur Santos

ACABOU DE NASCER UM POEMA

ACABOU DE NASCER UM POEMA

 

distraidamente,

a velha caneta começa a esculpir as palavras.

lentamente,

como que às apalpadelas

e o papel atreve-se a sorrir

para elas.

 

a certa altura,

não é certamente assim que se faz literatura,

páro e leio o que está escrito

mas não grito,

não comento,

não falo.

algumas palavras voam com o vento,

outras continuam no papel.

eu continuo impenetrável.

 

distraidamente,

a velha caneta continua a esculpir as palavras.

a certa altura, de repente,

pára.

 

está a acontecer!

não quero prisão nem algema...

acaba de nascer um poema!