tabata

Descanso em fim!

Ela era só uma menina,
carregando nos ombros um adeus que ninguém da idade dela devia carregar.
A casa da tia virou abrigo,
mas não era lar 
e logo descobriu que o mundo não era esse tal
“mar de rosas”
que os adultos fingem que existe.

Se destacava sempre:
no brilho do olhar,
na coragem amassada,
no riso que ela insistia em costurar,
mesmo com o peito rasgando por dentro.
Mas a falta da mãe…
ah, essa falta era faca.
Machucava todos os dias,
machucava fundo,
machucava tanto
que virava eco dentro dela.

E no silêncio da noite,
quando ninguém via,
ela conversava com estrelas,
pedindo um pedacinho de alívio,
um cheiro familiar,
um colo que não cabia mais no mundo.

Até que um dia sentiu 
não como fuga,
não como desistência,
mas como encontro 
que a mãe a chamava
num sopro leve,
num abraço que ela guardava na memória.

E a menina, cansada,
descansou também.
Não foi embora por dor,
mas por saudade de amor.
Foi morar onde a mãe vivia agora:
no silêncio bonito,
na lembrança eterna,
na luz que nunca apaga.