O quarto se fez templo, e a noite, um panteão discreto,
Onde a carne se curva ao seu mais puro preceito.
Nossos corpos se uniram, em dança de antigas Esferas,
Onde o tempo se quebra e só o sentir impera.
Teu corpo, qual pergaminho onde o tato é a escrita,
Revela a geografia que a paixão ressuscita.
A boca, que era rubi, se fez Ânfora sacra e ardente,
Bebendo o suspiro que a alma não contém, mas sente.
E a pele, aveludada, em suor que a torna mais quente,
É o campo onde o centauro de meu desejo se expande.
Onde a mão traça o relevo, buscando o vale secreto,
Onde a entrega é o único e o mais divino objeto.
O entrelaçar das pernas, um nó de Hércules firme e belo,
Que prende a vontade e incita o mais profundo apelo.
No sítio onde a vida se inicia e se esconde,
Onde a flor carnal espera e à haste responde,
O encontro é a fusão que transcende a matéria,
Onde o gozo se anuncia em ímpeto de artéria.
E o gemido, não grito, mas cifra em latim vulgar,
Onde o prazer encontra sua voz para se manifestar.
Fomos a Sinfonia que o mundo silenciou para ouvir,
Onde a batida do êxtase nos fez a um só tempo florir.
Ao fim, o corpo exausto, jaz em mármore morno e suave,
Testemunha do rito que a paixão, triunfante, nos crave