JURA
No horizonte, onde o tempo estacionou,
teu vulto surge em ecos de memória;
o vento escreve, em sombras, nossa história
e conta nosso sonho que ficou!
Entre estrelas que o céu não guardou,
parca esperança busca a sua glória,
e o nosso amor, em marcha transitória,
é lucerna da luz que já brilhou!
Mas quando a noite tudo encobre, enfim,
e dobra o espaço em véus que ainda venero,
revejo a jura que no amor é lei:
— “Eu volto” — prometeste; e eu: “não te espero”.
Mentiste: — não voltaste para mim;
também menti: — pois sempre te esperei!
Nelson de Medeiros