Gi.

Reino dos gatos

Madruga fria, eu na rua, sem destino, sem pressa.

Pensamento pesado, alma fumando junto comigo.

 

Aí surgem eles: os gatos.

Mestre da noite, rei do silêncio, dono da leveza.

 

Cada miado um recado, cada passo um mistério.

Eles me encaram como quem saca tudo,

mas não julga nada.

 

Encosto no muro, vejo um gatinho chegar suave,

nariz gelado, olho brilhando, coração limpo.

Ele não promete, não exige, não cobra,

só existe, e já basta.

 

E eu respiro fundo.

A noite continua dura, mas fica menos vazia.

Porque onde tem gato, tem paz.

E onde tem paz, eu volto pra casa inteira.