Tua boca guarda o verbo,
mas teus olhos… ah, esses não sabem mentir.
Eles me olham como quem toca,
como quem chama, como quem diz
tudo o que você tenta esconder.
É no silêncio que te descubro:
no brilho que acende sem aviso,
na calma que te toma quando me aproximo,
no jeito de me mirar
como quem reconhece um lar antigo.
Teu olhar me fala antes das palavras,
me entrega antes do abraço,
me ama antes de admitir.
E eu?
Eu aprendi a ler você no escuro.
Porque quando tua boca hesita,
teus olhos — tão teus —
sempre me contam a verdade.