Miguel Candumbo Celestino Magalhães

LIBERTEM O HOMEM

Libertem o homem,

não das grades visíveis,

mas da cela que carrega no peito.


Libertem-no de si,

do espelho que o observa e mente,

do nome que lhe deram, das sombras herdadas de antepassados calados.

 

Libertem o homem da dor que não tem nome,

da angústia que lhe sussurra nos sonhos,

do pecado que, ao seduzir, lhe ensinou o sabor do abismo.

 

Pois conheci o prazer:
no beijo amargo do erro caí, flutuei,

desfiz-me em mil pensamentos que sangram a alma.


Libertem o homem.

Aquele cujos prantos já não molham a face,

mas transbordam pelos poros da existência.