Libertem o homem,
não das grades visíveis,
mas da cela que carrega no peito.
Libertem-no de si,
do espelho que o observa e mente,
do nome que lhe deram, das sombras herdadas de antepassados calados.
Libertem o homem da dor que não tem nome,
da angústia que lhe sussurra nos sonhos,
do pecado que, ao seduzir, lhe ensinou o sabor do abismo.
Pois conheci o prazer:
no beijo amargo do erro caí, flutuei,
desfiz-me em mil pensamentos que sangram a alma.
Libertem o homem.
Aquele cujos prantos já não molham a face,
mas transbordam pelos poros da existência.