Trago em mim
a poesia que não fiz
os lugares que não visitei
os beijos que não dei
as camas que não deitei
os livros que não li
as lutas que não lutei
e o ar dos arejos que jamais respirei
Trago em mim
ausências pendentes
desejos não desejados
pensamentos impensados
a insensibilidade dos afetos apáticos
a mudez dos vocabulários não estudados
um amontoado de relógios quebrados
e os vestígios dos entulhos antepassados
Assim como Pessoa
trago em mim “todos os sonhos do mundo”