joaquim cesario de mello

DO QUE TRAGO EM MIM

 

Trago em mim

a poesia que não fiz

os lugares que não visitei

os beijos que não dei

as camas que não deitei

os livros que não li

as lutas que não lutei

e o ar dos arejos que jamais respirei

 

Trago em mim

ausências pendentes

desejos não desejados

pensamentos impensados

a insensibilidade dos afetos apáticos

a mudez dos vocabulários não estudados

um amontoado de relógios quebrados

e os vestígios dos entulhos antepassados

 

Assim como Pessoa

trago em mim “todos os sonhos do mundo”