Francisco Claudio Claudio Gia

Elo de Sangue e Tinta

O Elo de
Sangue e Tinta

Claudio Gia, Macau RN, 20/11/2025

Em mil novecentos e setenta e um, o grito jovem de Porto Alegre acordou a memória que dormia em berço esplêndido e desigual, buscando na raiz o que foi plantado em mil seiscentos e noventa e cinco, quando, em um vinte de novembro, o corpo de Zumbi tombou, mas a alma de Palmares se ergueu como a verdadeira capital.

A luta atravessou os séculos, embolando o tempo e a dor, o quilombo virou ideia, virou praça, virou clamor, e o que era silêncio foi ganhando forma de lei e de respeito, passando por dois mil e onze, quando a nação enfim olhou, mas foi preciso esperar a tinta firme de vinte e um de dezembro.

Foi no ano de dois mil e vinte e três que a justiça se fez feriado, sob a lei quatorze mil setecentos e cinquenta e nove, unindo a ponta da lança antiga à caneta do presente, celebrando a consciência que não tem cor, mas tem valor, honrando a resistência que, desde Zumbi, jamais se move.