Talvez todas as minhas palavras estejam na poesia, pois eu apenas te ouço.
Dos meus lábios não sai um único murmúrio; me engasgo com as sílabas.
Trago apenas palavras quebradas, sem a coerência que aprovaria serem pronunciadas.
Os meus olhos até falam,
mas em uma frequência contemplativa.
Temo que não compreenda
o que declamam minhas lágrimas:
sons surdos.
E quão catastrófico é a poesia
me roubar os argumentos,
as frases que eu tanto treinei,
guardei na língua,
porém agora as encontro
em mais uma poesia.