Célia Amaral

Véu sereno

Quando te vi, a cena foi interrompida:

Uma luz azul, um véu sereno,

Pairava, quase como uma sombra,

Velando cada um dos seus passos.

Andava tranquila, uma escolta etérea,

Acompanhando-a a cada novo gesto.

E, abaixo, no chão,

As faces demoníacas se contorciam:

Atormentadas pela agressão de tanto brilho,

Se irritavam e se retorciam apenas ao perceber a luz.