Chegam momentos da vida
em que o sistema interno falha —
como um computador antigo
pedindo silêncio para respirar.
E então percebemos,
num espelho que não mente,
que já não somos tão jovens assim.
O coração, que antes corria solto,
agora anda mais devagar,
como quem aprende
que cada passo é um tesouro raro.
A alma, antes cheia de tempestades,
hoje carrega mares mais calmos,
mas sabe que qualquer onda
pode virar lembrança.
É nessa hora que entendemos:
o tempo não grita,
ele sussurra —
e é no sussurro
que a vida muda de forma.
Mesmo assim, seguimos,
remendando nossos dias
como quem costura esperança
no tecido frágil da própria história.
Porque, embora o corpo denuncie,
há dentro de nós
um amanhecer teimoso
que insiste em florescer.