Lucas Guerreiro

Meditação noturna

Faz-se a aurora e,

com ela, dançam

os filhos dos homens.

 

Entretêm-se,

entrelaçam-se,

Entre luz e sombras.

 

Desde que entraste

em minha casa,

não saiu a miséria.

 

E o canto

dos homens

tornou-se em choro.

 

Choro.

Mas, tu,

nunca choras?

 

Acaso não se põe

o sol à vista de todos

para a meditação noturna?

 

Pode o vinho velho

embotar-se, perder o sabor,

e ser pisoteado pelos homens?

 

Então,

por que

ainda cantas?

 

Mas eu espero

meu tão doce

e amargo ocaso.