Roberto

Filha do Aço

Da anja que do ventre nasceu um trovão,
frio, polido, moldado em intenção.
Carrega no peito um rugido de guerra,
eco que atravessa montanhas e terra.

Em seus ossos corre o fogo contido,
que acorda ao toque do dedo atrevido.
É braço de sombra, relâmpago breve,
um sopro que rasga, um corte que leve.

É comprida como a própria sombra,
e guarda no peito um trovão contido.
Quando desperta, o ar se parte,
e o silêncio corre ferido.

Conhece desertos, florestas, fronteiras,
descansa no ombro de almas guerreiras.
E mesmo dormindo, impõe respeito:
silêncio tenso, pulsar no metal perfeito.

 

Não tem nome dito, mas todos o sabem —
uma fera que os homens moldam e exaltam.
Entre fumaça e memória, permanece antiga:
a voz de um trovão nascido da briga.

E só serve para ferir ou matar.