Eu amo a água.
A natureza.
É nela que meu corpo acorda.
Quando o peso me invade,
é no banho que eu me solto.
A água percorre minha pele
como quem sabe o caminho —
me invade, me desarma, me devolve.
Se fico longe demais do verde,
corro para o chuveiro.
Deixo a água escorrer lenta,
tocar cada parte,
abrir o que guardo em silêncio.
É simples.
É íntimo.
É meu ritual secreto.
A água me deixa leve.
A água me acende.
E quando chove —
ah, quando chove —
o mundo inteiro respira diferente.
O cheiro, a queda, o toque frio na pele…
algo em mim se entrega;
o corpo responde.
A água chega como quem desperta
tudo o que eu guardo.
É música.
É poesia viva.
É prazer de existir.
Sinto cada gota
como se fosse dedo,
como se fosse voz,
como se fosse a própria vida
me chamando de volta.
Eu sinto — e estou viva.
Saio do piloto automático,
retomo o fôlego,
retomo a mim.
A água é vida —
e é nela que eu me recarrego.