Fabricio Zigante

PARA UM LEQUE

 

A laqueada peça de bambu sereno,
Coberta de seda, guarda finas artes;
Meros passantes do oriental terreno
Retratados na ponte e noutras partes.

 

Animais e homens no retrato antigo
Ficaram estagnados, flutuando no ar,
E a seda colorida é seu eterno abrigo
Nesta preciosa relíquia a enfeitar.

 

Nas silenciosas tintas eles meditam,
Vivendo mesmo sem terem corações,
E nas dobras do leque ora se agitam
Nos tantos calores das recordações.

 

O leque erudito é um sopro de outrora,
Velando histórias do antigo oriente,
E, para mundo, como risonha aurora,
A bela relíquia se abrirá eternamente.