A vida não toca a campainha.
Entra.
Tira os sapatos no meio da sala
e bagunça o tapete que você jurou manter alinhado.
Ela mostra que algumas respostas
não vêm com ponto final,
e que tem pergunta que dói menos
quando a gente para de procurar.
Ensina que saudade não devolve ninguém,
mas afina a gente por dentro,
como quem estica corda de violão
até achar o som certo.
Que amor é verbete em movimento:
ora cresce, ora murcha,
mas sempre deixa um cheiro aceso
no canto mais esquecido do peito.
Ensina também que coragem
é só o nome bonito
que damos ao medo
quando decidimos ir assim mesmo.
E que felicidade é bicho arisco —
não se caça, se acolhe.
Vem quando quer,
fica pouco,
mas faz barulho suficiente
pra gente lembrar que existe.
E no final, sem aviso,
a vida sussurra que o mundo não cabe nas mãos,
mas um instante cabe.
E isso, quase sempre,
é o que salva.
15 nov 2025 (10:57)