Olá, minha bebida
Minha mais velha amiga.
Se for um bom vinho
Às vezes digo
A beleza é bebê-lo sozinho.
Torna-se o melhor amigo
Para alguém como eu
Um doce e amargo abrigo.
Dentro da taça, um mundo
Que eu aproveito
E vou fundo.
Uma taça de perigo
O crime e castigo
É como um gato engarrafado
Que mia comigo.
O saca rolhas me alerta
Viva a vida, querida
Desfrute com alegria
Todavia, fique esperta.
No vinho, me delicio
O viver no presente
Choro, rio, danço e escrevo
o que vem à minha mente.
Luz baixa, blues a tocar
Fumaça e bebida
Papel e caneta
E a magia no ar.
Uma pilha de livros ao lado
E a saudade
De um específico e caloroso
Abraço apertado.
Olho na taça e
Lembro de meus desamores
Mas não me deixo entristecer
A vida é boa, apesar dos seus temores.
Um brinde solitário
Às causas perdidas
E ao amor não vivido
Até faz sentido
Para quem é de Aquário
Em meio aos desencontros
Acompanhada estou
De um Malbec envelhecido
Perfeito em todos os isômeros.
Noutro dia
A ressaca faz parte
De quem ama a vida
E transforma tudo em arte.