Alguém deveria criar uma lei contra relacionamentos
que deixam Estresse Pós-Romântico —
desses que entram pela porta da sala
como quem visita um museu
e saem levando o sofá, a paz
e metade das certezas que eu cultivava
no meu vaso de porcelana emocional.
E eu, que nem gosto de jardinagem,
fico ali regando a semente da tristeza,
achando — veja só —
que talvez brote um pé de Eu Te Amo,
como se o universo fosse tão obediente
quanto as instruções de um buquê comprado na pressa.
(Ele não é. Nem um pouco.)
A verdade é que o coração também faz piada:
gosta de misturar tragédia com esperança,
dor com expectativa,
e ainda me pede pra rir
enquanto remenda os próprios cacos
com fita adesiva e um pouco de café.
No fundo, sei que a culpa nunca é da música triste:
é minha mania de dar play.
Então hoje troco a lágrima pela risada,
porque o melhor vingador da minha autoestima
não é a memória do que doeu —
é o meu bom humor, esse rebelde suave
que insiste em aparecer descalço
a cada vez que a vida tenta me colocar salto alto.
Coloco o som no último volume,
danço o meu valor sem pedir licença,
e faço um brinde à porta fechada —
não em homenagem ao que se foi,
mas ao espaço que fica,
livre, respirável, luminoso,
pronto para o inesperado
(e, quem sabe, para um sofá novo).
Menos drama, sim.
Mais champagne — sempre.