Divaldo Ferreira Souto Filho

Nesta rua

Como um bebê que nasce sem saber

Eu ando, quase vagando, por aquela rua

É uma rua perfumada, com aroma de viver

Onde o sol aquece as pedras, uma a uma

Onde a lua regozija no bebê seu crescer

E diz ao céu: - esta rua não é minha nem sua

Lá, nesta rua, quando vou, eu me encontro

Meu corpo levanta vôo... meu ego está pronto

 

Os caminhos pela rua são medonhos

Muitas vezes sinto na sombra uma solidão

Melhor ter companhia dos bons sonhos

Do que a agonia de uma real indecisão

Bem  melhor sentir os ventos risonhos

Que levam unidas a razão e a emoção

Faz bem ter a amizade do conhecimento

A paz pelos caminhos são frutos do merecimento

 

Como um bebê que nasce por nascer

Eu tomo o caminho da rua encantada

Eu durmo porque tenho que renascer

Eu dou passos: assim a alma não fica parada

A minha história, na história, há de merecer

Os aplausos honestos por sincera pegada

A vida é pura, e chora como um bebê em apuros

Sua doçura aflora quando sai de círculos escuros

 

A rua, que não é minha, não é singular

Ela invade os lugares mais distantes

Ela invade a privacidade do alheio lar

Ela invade a vaidade dos falsos amantes

Essa rua é tão grande como o ar

Cheia de mistérios dos ventos viajantes

A essência do deleito de viver a felicidade

É tirar proveito de não esconder a liberdade

 

Como um bebê que absolve o leite

E aquece o peito da alma feminina

Na vida, quem não se nutre e se deleite

Esquece que a mãe é uma calma ferina

Pronta para misturar amor ao eterno leite

Que nunca sacia a defesa materna à cria

A vida existe para o sentimento viver

E há o tempo para o amor bem crescer

 

Esta rua, que mais parece um labirinto

Não mostra seta de início nem de final

Nesta rua, o passo firme és distinto

Dentre o compasso do caminhar desigual

A rua foi arquitetada pelo amor que sinto

Por Aquele que na vida fez o bem sem o mal

A vida é uma rua onde deveres e obrigações

São de todos que nela passam com suas emoções