Eu não chamo, eu arrasto.
Não canto pra ser ouvida,
canto pra possuir.
Quando mergulho em ti, o tempo se curva.
Tua respiração me pertence,
teu medo é meu perfume.
Sou feita de silêncio e abismo,
de correntes que não se veem.
Sou o sim que antecede o toque,
a vertigem que antecede o fim.
Tu vens — e nem sabe por quê.
É o sal, é o feitiço, é o que não se explica.
Eu te vejo inteiro antes de tocares o fundo,
e já estás perdido.
Não sou tua, nem de ninguém.
Sou da água que queima,
do fogo que afoga,
da vida que se oferece em forma de tentação.
E quando te prendo, não é prisão —
é batismo.
Porque amar-me é morrer limpo,
e renascer sujo de verdade.