Eu nasci na costa de um rio
Perfil Jacutinga era o nome
São daqueles que água some
Por debaixo de pés de capim
Onde fileiras seguem sem fim
Sombreando as águas do rio
Um cenário que se constituiu
De abrigos para os graxains
Minha casa era fim de estrada
Margeada por grandes peraus
Na madrugada canta o urutau
O eco açula uivos do cachorro
Qual coruja chiando no forro
Olhos fitos uma assombração
Magia da noite naquele sertão
Cenário da vida sólido morro
Lá no morro eu de pé no chão
Fugidio na mata cesto trançado
Assobiando cantiga do passado
Encantando meu Erval Grande
Terra linda no peito se expande
Vale verde campo chão gaúcho
Onde me criei simples sem luxo
Sem ter alguém que me mande
Tirei leite da vaquinha barrosa
Dadivosa dava leite de montão
Capinei a terra fiz calo na mão
Comi mel de jataí lá na restinga
Levei água dentro de moringas
Enchidas na bica de barro puído
Boas energias um mundo vivido
A água é benta do Rio Jacutinga