Arlindo Nogueira

RIO JACUTINGA

Eu nasci na costa de um rio

Perfil Jacutinga era o nome

São daqueles que água some

Por debaixo de pés de capim

Onde fileiras seguem sem fim

Sombreando as águas do rio

Um cenário que se constituiu

De abrigos para os graxains

 

Minha casa era fim de estrada

Margeada por grandes peraus

Na madrugada canta o urutau

O eco açula uivos do cachorro

Qual coruja chiando no forro

Olhos fitos uma assombração

Magia da noite naquele sertão

Cenário da vida sólido morro

 

Lá no morro eu de pé no chão

Fugidio na mata cesto trançado

Assobiando cantiga do passado

Encantando meu Erval Grande

Terra linda no peito se expande

Vale verde campo chão gaúcho

Onde me criei simples sem luxo

Sem ter alguém que me mande

 

Tirei leite da vaquinha barrosa

Dadivosa dava leite de montão

Capinei a terra fiz calo na mão

Comi mel de jataí lá na restinga

Levei água dentro de moringas

Enchidas na bica de barro puído

Boas energias um mundo vivido

A água é benta do Rio Jacutinga