A mãe de Clarice
foi quem me disse,
numa das visitas que fiz por lá
que apesar de toda sandice,
este mundo não vai acabar!
Eu vejo muita esquisitice.
Tempos mudados.
Comportamentos errados.
Desalentada! Inconformada!
Naquele momento, me contive!
E continuou, a mãe de Clarice...
Falando de tudo com segurança
que o pecado não vinga,
e o reino dos céus é de bonanças,
e quem crê , para sempre vive.
Eu, um tanto incrédula,
me atrevi e lhe disse.
E, ás vezes, Deus não se engana?
Oras! Bradou, a mãe de Clarice!
Que loucura!
Deixa de tolices!
Agradeça, ore e não reclama.
Deus a todos ama.
Foi a mãe de Clarice
quem me disse,
que a Esperança não pode morrer,
mesmo com tanta maldade
enquanto houver vida na Terra,
O bem há de sempre vencer.
Ali junto com a mãe de Clarice
conheci seu mundo de fervor;
contou fatos de sua meninice
até a fase de mulher casada,
com simplicidade e sem pudor.
Soube eu das agruras que sofreu;
o quanto chorou e padeceu
Me furtei a interromper...
Deixei a narrativa me envolver.
Era a vida me ensinando a viver.
Ouvi as histórias de sua vida
com atenção e respeito.
Falou de sua família e
de como amparou os pais
na velhice.
A doença, a morte, a fé inabalável
tudo isto me contou ,sem amargor,
a mãe de Clarice.
As horas se passaram sem eu perceber;
Fiquei entusiasmada com a sabedoria
que traz o viver.
Alheia as desventuras do mundo ao seu redor,
Aproveitando o seu melhor
Indiferente a divergências e esquisitices;
no aconchego do colo, adormecia ao ser amamentada,
a esperança sendo ali embalada,
a pequenina, Clarice.