Ester Araújo

Alexitimia (O Nome das Coisas que Sinto)

Sinto um nó no peito,

mas não sei o nome.

É raiva? É medo?

Ou só o eco de algo que some?

 

As lágrimas vêm, mas não contam por quê,

o corpo fala onde a alma se cala.

Há um grito preso entre o “não sei” e o “talvez”,

uma saudade antiga que não se embala.

 

Aprendi que sentir doía demais,

então guardei tudo em silêncio.

Construí muros com raciocínio e paz,

mas por dentro, o caos era imenso.

 

Hoje procuro palavras como quem cava ouro,

nas terras secas do meu coração.

Quero chamar o que sinto pelo nome,

e dar à dor… redenção.

 

Se choro, que eu saiba por quê.

Se amo, que eu diga sem medo.

Quero voltar a ser inteira —

mesmo que isso desfaça o enredo.

 

Pois viver é traduzir o invisível,

é dar voz ao que se perdeu.

E se um dia eu aprender a sentir,

Assim... eu encontre Deus.