Antonio Luiz

O voo lĂșcido da ternura

há passarinhos que se bastam no chão

e nos caquinhos de azul, esgaravateiam

fingindo que têm um céu aos seus pés

 

outros possuem asas de enfeite apenas

apêndices erguidos de paciência e pena

e se entretêm com formigas e orvalhos

 

há também os que desaprenderam o ar

e acham nos galhos um sossego de mundo

uma eternidade pousada em gravetinhos

 

nos seus sonhares, elevam-se sem sair

voam de dentro pra ainda mais dentro

e lá em cima, do âmago deles mesmos,

o alto se abre como um riso de criança

 

porque voar, às vezes, é só ficar assim

de coração tremendo – quieto – no ninho

 

-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 11/11/25 –