há passarinhos que se bastam no chão
e nos caquinhos de azul, esgaravateiam
fingindo que têm um céu aos seus pés
outros possuem asas de enfeite apenas
apêndices erguidos de paciência e pena
e se entretêm com formigas e orvalhos
há também os que desaprenderam o ar
e acham nos galhos um sossego de mundo
uma eternidade pousada em gravetinhos
nos seus sonhares, elevam-se sem sair
voam de dentro pra ainda mais dentro
e lá em cima, do âmago deles mesmos,
o alto se abre como um riso de criança
porque voar, às vezes, é só ficar assim
de coração tremendo – quieto – no ninho
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 11/11/25 –