Jairo Muitonegro

A Linha Invisível do Ser

 
Há um ponto sutil que a alma sente, 
 
Onde o eu se dilui, se ausenta. 
 
Em dar demais, em ser de todos, 
 
Perdemos a voz, os próprios modos.

 
 
Mas dentro reside um dom, um mapa, 
 
A voz interior que nos destapa. 
 
É traçar a linha, sim, com um carinho, 
 
Para que o meu espaço seja meu ninho.

 
 
Não é egoísmo, nem desamor, 
 
É auto-respeito, é meu valor. 
 
Dizer \"não\" àquilo que me drena, 
 
Liberta a essência, me faz plena.

 
 
Assim, o amor que ofereço é puro, 
 
Sem ressaibo, sem futuro escuro. 
 
As pontes se firmam, mais reais, 
 
Em laços claros, leais.

 
 
A paz que floresce, em meu jardim, 
 
Mostra que o limite é um bom fim. 
 
Para que eu possa ser quem sou de verdade, 
 
Vivendo em plena integridade.