Marietta

Ansiedade.

Eu tento escapar da realidade criando mundos que não existem.

Mundos em que eu controlo o tempo, em que não erro, em que ninguém me olha.

Mas esses mundos se dissolvem rápido, como fumaça.

Não duram mais do que alguns minutos.

 

A música já não é refúgio, é barulho constante.

Ela não me tira daqui, ela só acompanha o ritmo da minha mente bagunçada.

Está sempre tocando, mesmo quando o fone não está no ouvido.

 

Eu abro a geladeira sem fome alguma.

Mordo os dedos até sangrar.

Troco de posição na cama, balanço as pernas, tento inventar distrações.

Nada funciona.

A cabeça não para.

A cabeça nunca para, e nunca parou.

 

Ela repete, sem pausa, que sou incompetente.

Que não vou conseguir.

Que não adianta tentar.

 

É uma tortura contínua, sem intervalos.

Não é medo de morrer.

É o cansaço de viver assim.