És aqui neste escritório, n\'manhã cinza de primavera sem flores,
que me ponho à reflexão do dia.
Penso, com certo ritmo matutino,
enquanto sinto o vento a bater-me na cabeça e esfriar-me os sentidos.
No papel e no lápis, cá estou,
a rabiscar devaneios inúteis,
a escrever prosas que ninguém lê,
a confessar-me à dama alguma,
e beber do vinho, para ter o gosto de estar vivo.
Esta é minha reflexão:
confissão do que basta e do que não basta,
do suficiente ao insuficiente,
do tormentoso alvorecer cinza d\'primavera,
à confissão da rotina de doloso crime homicida,
pois, matei-me nesta triste rotina.