Jairo Muitonegro
A Arte de Ver Claro
No turbilhão dos dias, no emaranhado da voz,
Um emaranhado de ecos se faz entre nós.
Há mundos de cores, de brilhos e sons,
E a alma anseia por ter direções.
Mas como distinguir o ouro da ilusão?
A fala sincera da vã distração?
O coração precisa, a mente requer,
A calma e a agudeza para bem perceber.
Cultivar o discernir é regar o pensar,
Saber que nem tudo que brilha é o mar.
É ir além da face, do gesto aparente,
E buscar a verdade no que a alma sente.
É ler nas entrelinhas, ouvir o silêncio,
Filtrar o ruído, que esconde o essencial.
Desvendar a intenção por trás de cada senso,
E assim evitar o engano fatal.
Podar a pressa, o medo que cega,
A raiva que embaça, a luz que nos nega.
Abrir a janela da vasta razão,
Para a voz da consciência, uma clara canção.
Pois o homem em sua jornada, precisa guiar,
Distinguir o que edifica do que vem a minar.
Entre o sim e o não, a ponte e o abismo,
Está a bússola interna, o nosso batismo.
Assim, desvendamos véus, ilusões desfazemos,
E pelas veredas certas, mais firmes crescemos.
É força branda e sábia, um dom a aprimorar,
Para que em cada passo, saibamos andar.