Antes, o que nos faltava era tempo —
tempo pra rir da bagunça do Scott,
tempo pra inventar receitas,
pra discutir o vencedor do jogo,
pra decidir — em vão —
se o vinho era melhor que a cerveja.
(Spoiler: era. Mas ele nunca cedia.)
Agora, o tempo sobra,
mas falta você.
Falta o cheiro do churrasco no quintal,
o café dividido às pressas,
as conversas que terminavam em gargalhadas,
as manhãs em que o mundo parecia
tão perto, tão nosso.
Falta até a disputa tola —
eu, com minha “sabedoria” de irmã mais velha
(que ninguém acredita),
você, com seu riso que sempre
desarmava qualquer vitória.
Hoje, há um oceano entre nós,
mas o afeto…
esse continua do tamanho do mundo.
Entre um gole de vinho e um sopro de lembrança,
a saudade chega mansa,
com cheiro de café e som de risadas antigas.
E no céu do meu coração, o Scott corre —
estrela travessa, luz que não se apaga.
Às vezes, juro que o ouço latir,
balançando o rabinho nas nuvens,
lá do alto, chamando a gente pra brincar,
só pra avisar
que ainda estamos juntos,
cada um em seu canto,
mas sempre na mesma constelação.