Ester Araújo

Só por um instante (prazer e vertigem)

Teu nome dança no silêncio,

como quem sussurra promessas em segredo.

O ar pesa, a pele arde,

e tudo em mim te chama — devagar, inteiro.

 

Não é amor comum, é vertigem.

É febre que o corpo entende antes da razão.

Teu olhar é abismo e refúgio,

me perco pra me achar em tuas mãos.

 

Fico nua de defesas,

vestida apenas do teu querer.

Cada toque é um poema que queima,

um pedido que não se diz — só se sente acontecer.

 

Não quero o depois, nem o talvez,

só o agora, o pulso, o arrepio.

Te quero onde o tempo não existe,

onde o desejo é verbo e o coração, navio.

 

Porque há algo em ti que é meu —

não sei de onde, nem por quê.

Mas quando o mundo silencia,

é o teu nome que o meu corpo lê.

 

Só por um instante,

por um sopro, por um prazer —

me deixa te viver,

até o fim de mim.