cansado de olhar certo, coisas erradas
relaxei num olhar torto para as certas
ali, achei beleza em margem borrada
e respirei um frescor de infância livre
em palavras que não cabiam na linha
saltitando levadas por um catavento
ah, é que o erro é feito uma flor miúda
um despropósito que põe cor no mato
e a precisão é somente um jeito tímido
de o homem pedir desculpas ao vento
recolhi todo o tamanho do meu passo
deixei o ponto enamorar-se da vírgula
e dividi com eles o som dos parafusos
o doce cântico de versos de ferrugem
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 07/11/25 –