De repente um grito
Um coração magoado e aflito
Um clamor em choro contrito
Peço a Deus: recolha_me o espírito.
Senti dor de alma ( sentimento).
Brotou lágrimas nos olhos
Doeu tanto o tormento
Males ressaltados aos mólhos.
Uma sensação sufocante
Rejeitada de modo insultante
O par de olhos amendoados vi secos
Olhos que já me amaram
Com gozo que gerava ecos
Hoje vazios me ignoram
Ninguém por mim se espante
Não sou propensa suicida
Acredito na vida
Que ela siga
Porém por um breve tempo
Faz sentido pelo contratempo
Queria que Deus ouvisse o grito
E me recolhesse o espírito
A imagem de sugestiva morte
Eu num carro batido, amassado
Por uma carreta de grande porte
Minha carne nas ferragens misturada
E para elegante sorte
Não podendo ser velado
E o Deus que num sonho me abraçou
Aconchego ao meu jeito triste
Queria devolver_lhe o espírito
Que é dele pois seu filho com sangue comprou
Ao na cruz padecer e vencer
Para em minha morte
Arrependida alcançar mais que sorte
Como uma borboleta saída
Do casulo chamado vida
Ou uma vespa zuerenta
A anunciar o fim da tormenta
Que é o fim da vida no corpo:
O espírito escoa feito água do copo
Sendo este derrubado
Preciso levar adiante
Meu desvario inebriante
Ora alegre, ora triste
Mas certa que Deus existe
E peço a Ele e clamo
Meu Deus, recolha_me o espírito...
Lúcia Edilaine Martins dos Santos; pseudônimo: lucita 30/08/2020