Roberto

Desprendimento

Os vermes trabalham em silêncio,
fiéis ao destino da carne.
devoram o que fui,
com a paciência de quem não julga.

Sob a terra, meu corpo se dissolve,
volta ao pó, a sepultura escura.
o fim cumprindo seu ofício.
O corpo se entrega ao chão,
sem voz, sem defesa,

Minha alma, porém, há muito partiu.
Deixou o corpo 
sem olhar para trás,
sem saudade.

Agora ela vagueia leve,
sem forma, sem fronteira,
enquanto os vermes fazem seu banquete
sobre o que já não sou.


Mas minha alma já partiu.
Deixou este invólucro sem olhar,
livre do peso, livre do nome,
sem forma, sem fronteira.

Os vermes trabalham no escuro,
e eu já não pertenço a nada.