Desde muito cedo
Fui sempre roceiro
Com o peso da enxada na mão
A caneta caía, dada minha condição
Do norte ao sul
Do Brasil vi todo o azul
Mas o peso na mão
Me fazia ir na outra direção
Dos livros, só sei os nomes
Das contas, só sei os dedos
Pra que ensinar a multiplicar
Se o salário tende a abaixar?
Bota pedra, bota cimento
Sobe o condomínio e cai no esquecimento
Do que adianta o bonito jargão
Se nas escolas só repetem esse refrão
E nessas fórmulas prontas
Que o quadro da sala aponta
O nosso mundo conta
Que para entendê-las
É preciso vivê-las