Não era otimismo, era sobrevivência.
Ela sabia que o mundo não melhora com um brinde,
mas melhora um pouco dentro da cabeça
quando o copo encosta nos lábios.
Não bebia pra esquecer,
bebia pra lembrar que ainda tinha gosto.
Porque há dias em que a vida é um pão seco,
uma conversa fria, um pensamento cansado.
Mas o vinho… O vinho engana o destino por uns minutos.
O namorado dormia do lado,
as gatas faziam o turno da madrugada,
e ela pensava: “tá tudo em pedaços, mas ainda tem graça.”
Não pedia milagres,
só que o vinho fosse barato
e o silêncio, suportável.
No fim das contas, continuava aqui,
sem deuses, sem promessas,
só com uma garrafa, dois miados e uma teimosia:
“a vida é uma desgraça, mas pelo menos tenho vinho.”