Tem manhãs em que acordo
como quem vem de um sonho emprestado
e fico pensando se não sou um eco
a repetir algo que lá atrás foi dito
mas o mundo depois esqueceu
Às vezes me indago
se sou feito das coisas que lembro
ou das que esqueci para poder continuar
Talvez existir seja isso:
um intervalo entre o que não foi dito
e o que ainda não teve coragem de ser dito