joaquim cesario de mello

UM INTERVALO ENTRE DUAS RESPIRAÇÕES

 

Tem manhãs em que acordo

como quem vem de um sonho emprestado

e fico pensando se não sou um eco

a repetir algo que lá atrás foi dito

mas o mundo depois esqueceu

 

Às vezes me indago

se sou feito das coisas que lembro

ou das que esqueci para poder continuar

 

Talvez existir seja isso:

um intervalo entre o que não foi dito

e o que ainda não teve coragem de ser dito