Língua Nossa, Mar de Gente
Claudio Gia
Macau RN, 05 de Novembro de 2025
Das margens do Tejo, velha navegante,
Chegaste ao Brasil,num berço de espuma.
Na proa,a cruz; no peito, a fé pulsante,
E na boca,o verbo que o novo mundo assuma.
Foste plantada em solo tropical,
Sob o sol causticante,crescente e forte,
Misturaste o doce e o sal,
E te encheste de samba,de batuque, de sorte.
Agarrou-se ao cacife, ao caju, à candeia,
Aprendeu o aboio,o gingado do corpo,
Virou cantiga na noite cheia,
E no calor do povo,encontrou seu norte.
És o quinto continente de sons,
Pelos quatro cantos da Terra espalhado.
És o grito nos lábios,nos corações,
Um patrimônio vivo e celebrado.
És a mesma língua em sotaques diversos,
Na bossa do Rio,no fado de Lisboa,
Nos becos de Luanda,nos versos universais,
Que este mar lusófono,unido, nos empresta.
Ó português, navegação completa,
Que no meu sertão também ancorou,
És a fala da minha ruela,
O poema que o vento do Nordeste levou.
Por isso, no Cinco de Novembro, erguemos
A voz em tuas sílabas,claras e francas.
O mundo que ouça o que nós sabemos:
A força que há nas tuas brancas brancas!
És o navio que nunca mais atraca,
És viagem sem fim,és rio, és mar.
Língua-mãe,tua seiva nunca seca,
Sempre pronta a novas histórias contar.