Francisco Claudio Claudio Gia

Língua Nossa, Mar de Gente

Língua Nossa, Mar de Gente

Claudio Gia
Macau RN, 05 de Novembro de 2025

Das margens do Tejo, velha navegante,
Chegaste ao Brasil,num berço de espuma.
Na proa,a cruz; no peito, a fé pulsante,
E na boca,o verbo que o novo mundo assuma.

Foste plantada em solo tropical,
Sob o sol causticante,crescente e forte,
Misturaste o doce e o sal,
E te encheste de samba,de batuque, de sorte.

Agarrou-se ao cacife, ao caju, à candeia,
Aprendeu o aboio,o gingado do corpo,
Virou cantiga na noite cheia,
E no calor do povo,encontrou seu norte.

És o quinto continente de sons,
Pelos quatro cantos da Terra espalhado.
És o grito nos lábios,nos corações,
Um patrimônio vivo e celebrado.

És a mesma língua em sotaques diversos,
Na bossa do Rio,no fado de Lisboa,
Nos becos de Luanda,nos versos universais,
Que este mar lusófono,unido, nos empresta.

Ó português, navegação completa,
Que no meu sertão também ancorou,
És a fala da minha ruela,
O poema que o vento do Nordeste levou.

Por isso, no Cinco de Novembro, erguemos
A voz em tuas sílabas,claras e francas.
O mundo que ouça o que nós sabemos:
A força que há nas tuas brancas brancas!

És o navio que nunca mais atraca,
És viagem sem fim,és rio, és mar.
Língua-mãe,tua seiva nunca seca,
Sempre pronta a novas histórias contar.