No cintilar da luz ocre — me banho, sereno.
Sob faróis que a maresia não venceu.
Os raios âmbar se perdem na vastidão do universo.
No breu de infinitude, submerso.
Velejando pelo lago das respostas perdidas.
Sinto-me arrastado pelas correntes marítimas.
Eu olho para o mar, para o seu interior.
Do outro lado, ela me olha: o exterior.
Aí que me absorve um corpúsculo verde-lima.
Enevoando de cacofonia, acinzentado o clima.
Sussurra-me: Tudo lhe arrasta, soma a nada!
E me arremessa ao naufrágio do impossível.
Debato-me, ecoando pelos cantos da mente vazia.
Preenchendo-a com um véu de tonalidade sombria.
Deixando-me tatear às cegas, sem querer.
Tencionando alcançar a estabilidade do meu ser.
Espeta-me a pergunta angustiante do passado.
Perfura-me a resposta obscura do futuro.
Culminam na aflição do presente.
Fragmentam juntos o meu eu vivente.
E meus esforços estão esgotados em vão?
E meus suspiros suprimidos sem direção?
Porque permaneço estático, sentindo o ar.
Sem fugir do limbo, mas sem afundar.