Jairo Muitonegro
O Desatar dos Nós
Havia em mim um eco, um traço já riscado,
Um roteiro invisível, por tempos adotado.
As formas de um amar que a alma não sentia,
Caminhos percorridos na velha melodia.
Mas a quietude veio, com a força de um farol,
E a sombra do passado se dissolveu ao sol.
Quebraram-se os espelhos, os muros que eu erguia,
Abrindo espaço e tempo para o que renascia.
Não mais os passos lentos de um medo disfarçado,
Nem a entrega vazia de um afeto emprestado.
A voz de dentro clama, por um amor que seja inteiro,
Que se teça em verdade, em um nó verdadeiro.
Agora, eu reaprendo o toque e o olhar,
A escuta que acolhe, a coragem de amar.
Não como um livro aberto, ditando o que virá,
Mas como um campo fértil, que aprende a semear.
Com calma e com presença, o coração se expande,
Em cada nova escolha, a maturidade o grande.
Deixo para trás a urgência, o enredo sem razão,
Para construir pontes de uma pura afeição.
Assim, o amor se ergue, em pilares de clareza,
Livre das amarras, em toda sua beleza.
Um sentir mais profundo, consciente e real,
Desatar dos nós, um amor essencial.