Não te falo de uma alegria boba ou até mesmo tola, de sorrisos comprados nessas feiras da vaidade.
Não é essa a droga barata para entorpecer e ser a putrefação da alma.
Falo de algo mais profundo, mais tenebroso mesmo em sua clareza,
a decisão de crer!
O homem em si é um ser rastejante,
[Ouvi dizer por aí]
O homem é feito por punhado de nervos e angústias, esmagado pelo céu vazio e a terra onde caminhamos.
E é verdade!
Mas que ironicamente existe um pequeno segredo e jeito...
E é justo nesse pântano da alma que se planta a semente, ou nada nascerá, a não ser o lodo.
E ao abrir os olhos ao acordar, ouvi uma voz...
[O que queres?]
pergunta o demônio da indiferença ao meu ouvido.
[O que queres colher? Que trajeto escolherás no labirinto?]
E eu, acuada, pensei...
[Todos os caminhos são vãos ou todos os frutos serão apodrecidos?]
E é bem aqui, nesse precipício, que a coisa se decide!
[E como decide!]
Se não tem fé em nada, teu corpo será um caixão de carne ambulante, tua alma, um quarto vazio em todo o espaço tempo.
Serás um \"quase-homem\" um esboço a lápis que o tempo irá de apagar.
Mas se, num ato de revolta heróica, sim, heróica!
Plantar no coração da dúvida um grão de mostarda de fé...
Fé em ti, no teu caminho, no teu trabalho e até mesmo no trabalho áspero das tuas mãos...
Então, o milagre sujo e terrestre acontece.
Não será um êxtase dos céus.
Será um crescimento lento, torturado, duvidoso.
E de qualquer forma, irá cavar a terra com as unhas sangrando, regarás com o suor da tua fronte.
E um dia, ao olhar para trás,
[ e vai olhar]
verá que não está mais no mesmo pântano.
Verá que o trajeto, com seus desvios e quedas, foi a realização.
A colheita não é o fim, é a coragem de ter semeado no inverno.
A positividade, veja bem, não é um sorriso.
É a espinha dorsal da alma.
É o \"sim\" gritado contra o silêncio do universo.
Sem ela, é apenas um fantasma.
Com ela, é, apesar de tudo, e gloriosamente, humano.
Demasiado humano.